No auge do debate sobre o RS no Instagram, influenciadores foram responsáveis por 10x mais interações do que políticos e 7x mais do que canais de imprensa. Essa influência no desenrolar das ações durante a tragédia levanta uma série de questões.

A principal delas: existe hoje uma força comunicacional colossal que supera a imprensa e o poder público na capacidade de se comunicar com as pessoas. O que o poder público pode – e deve – fazer para tornar essa onda de solidariedade mais eficiente? A cacofonia gerada por essa falta de planejamento deixa um vácuo para que clusters como a extrema-direita sequestrem a pauta e passem a jogar com a ideia de “ausência do poder público”.

Infelizmente nós sabemos que outras catástrofes acontecerão, e é essencial que o poder público se prepare para trabalhar com esse colosso que é a força dos influenciadores hoje. Não há (e não tem porquê) uma comunicação pública isolada que dê conta de competir com isso.

Outro ponto importante: o arrefecimento drástico da atenção dedicada ao RS é nítido. Com ele, a influência de atores de extrema-direita e das fake news no debate tende a aumentar. Nesse ambiente é também essencial que ações comunicacionais sejam elaboradas para o “dia depois” da tragédia, uma vez que as dificuldades ainda serão inúmeras, ainda que diferentes. Resumindo: não há imprensa e ou poder público que consiga competir com o peso dos influenciadores na comunicação durante catástrofes. A questão é: como otimizar essa força?